É 1969 no Lower East Side de Nova York e os rumores na vizinhança são sobre a chegada de uma mulher mística, uma vidente que se diz ser capaz de dizer a qualquer um qual será o dia de sua morte.
As crianças Gold – quatro adolescentes que estão começando a conhecer a si mesmos – saem de casa sorrateiramente para saber sua sorte. As profecias informam as próximas cinco décadas de sua vida. Simon, o menino de ouro, escapa para a costa oeste, procurando por amor na São Francisco dos anos 80; a sonhadora Klara se torna uma ilusionista em Las Vegas, obcecada em misturar realidade e fantasia; Daniel, o filho mais velho, luta para se manter seguro como um médico do exército após o 9 de setembro; e Varya, a amante dos livros, se dedica a pesquisas sobre longevidade, nas quais ela testa os limites entre ciência e imortalidade.
Um romance notavelmente ambicioso e profundo com uma brilhante história de amor familiar, Os imortalistas explora a linha tênue entre destino e escolha, realidade e ilusão, este mundo e o próximo. É uma prova emocionante do poder da literatura, da essência da fé e da força implacável dos laços familiares.
Livro: Os Imortalistas || Autor: Chloe Benjamin
Editora: HarperCollins Brasil || Ano: 2018 || Gênero: Contemporâneo
Classificação: 4 estrelas || Resenhista: Karina

Em “Os imortalistas” vamos acompanhar a vida de 4 irmãos (os Golds/ Imortalistas), Varya, Daniel, Klara e Simon, o livro é dividido em prólogo - onde os irmãos ainda crianças de 13 a 7 anos vão atrás de uma vidente para saber o dia da morte de cada um - e depois em 4 partes onde cada parte conta a história de cada irmão e como essa “profecia” afetou sua vida e comportamento. Já no início foi fácil embarcar na leitura, Chloe tem uma escrita bem fluida e a curiosidade das crianças Gold passa a ser a nossa sem nem percebermos.
Do que ele se lembra? Uma porta estreita. Um número de bronze balançando em seu parafuso. Ele se lembra da sujeita do apartamento, que o surpreendeu; ele havia imaginado uma cena de tranquilidade, como poderia aparecer ao redor de um Buda. Ele se lembra de um baralho do qual a mulher pediu para ele pegar quatro cartas. Ele se lembra das que escolheu: quatro espadas, todas pretas – e o terrível choque da data que ela o deu. Ele se lembra de cambalear pela saída de incêndio, sua mão úmida no corrimão. Ele se lembra de que ela nunca pediu dinheiro.
O que você faria? Você teria coragem de perguntar?
Acreditaria na resposta?
A
verdade é que todos obtiveram respostas, a princípio ninguém conta pra ninguém
a data que recebeu da vivente e eles vão levando a vida dentro de uma família
judaica bem religiosa, os aspectos da cultura judaica são bem presentes e se
você procura diversidade religiosa esse livro é uma boa fonte de curiosidades.
É a morte do pai acaba que acaba desencadeando ainda mais o afastamento dos
irmãos.
Se a profecia é uma bola, sua crença é uma corrente; é a voz em sua mente dizendo corra, dizendo mais depressa, dizendo, acelera.
Anos depois da visita a vidente, Klara
convence Simon a ir embora de Nova Iorque para São Francisco, os dois que ainda
moravam com os pais, deixam a mãe viúva em casa e “fogem” para viver a vida
numa cidade nova, os dois mais velhos Varya e Daniel que estavam na faculdade
desaprovam a atitude nada prática dos mais novos e assim passamos a acompanhar
individualmente a vida de cada um deles.
Ele se perguntava: como ela podia dar um destino tão terrível para uma criança? Mas agora pensa nela de forma diferente, como uma segunda mãe, ou um deus, ela o mostrou a porta e disse: Vá.
Simon
o caçula é sem dúvida o personagem mais
egocêntrico; no auge da adolescência foge com a irmã para uma cidade que
fervilhava com as revoluções sexuais, o garoto que se sentia reprimido na
cidade em qual nasceu faz dessa nova cidade sua casa, construindo uma
personalidade completamente diferente, buscando amor desesperadamente e vivendo
intensamente experimenta tudo o que tem vontade; apesar da falta de
responsabilidade e muita imaturidade misturada com egoísmo é um personagem
fácil de se apegar porque fica claro que embora ele faça de tudo para esquecer
a data que recebeu, essa é exatamente a vida que decidiu que pode levá-lo ao fim da
linha.
Klara
desde criança queria ser mágica, vasculhou o passado da família e descobriu que
a avó refugiada da hungria para os USA morreu durante um número performático,
depois de mais de uma década em São Francisco decide por seus sonhos em
prática, a cada dia que passa torna se mais obcecada pela perfeição deixando
uma linha muito tênue entre o que é fantasia e o que é realidade, fazendo com
que a gente a odeie por algumas atitudes ao mesmo passo que a gente compreende
sua agonia.
Klara sabe como é se pendurar no mundo pelos dentes. Ela sabe como é querer soltar.
Daniel
sempre foi muito prático, estudou, casou-se, se tornou médico e deixou grande
parte da vida transcorrer sem arriscar nada que abalasse minimamente seus
planos, Daniel é o irmão que eu menos gostei por conta de todas as atitudes
contraditórias que vão direcioná-lo ao ponto alto da história dele.
Varya
que teve a ideia de ir a vidente quando criança tornou-se cientista e estuda
sobre o envelhecimento com todo rigor, é uma cientista prestigiada e que tem
mais reviravolta durante a sua história, a maneira com que ela encara o peso de
ter procurado a vidente é a mais lógica, mas isso não significa que é melhor
maneira.
Você se chama de cientista, usa palavras como longevidade e envelhecimento saudável, mas você conhece a história mais básica da existência: tudo o que vive deve morrer - e quer rescrever isso.
Com
cenários muito bem descritos passamos por uma São Francisco dos anos 80 que nos
descreve uma epidemia ainda desconhecida, mas que sabemos ser a AIDS, nos faz questionar o cenário machista
de uma Las Vegas dos anos 90 onde mulheres talentosas eram reduzidas aos
tamanhos da saia, nos traz de volta a nova Iorque dos atentados às torres
gêmeas, tudo servido de pano de fundo para a saga de uma família onde a ciência
questiona a religião e a crença desafia a lógica.
A
maneira que a “profecia “ afeta os irmãos é o que costura as 4 histórias
fechando a trama, há grandes questionamentos durante a história, mas nenhum
deles é imposto, são sutis e ainda assim incômodos, o que vale mais a pena viver
ou sobreviver? Eu fiquei deprimida com alguns desfechos e surpresas com outros.
Saúde
mental, homossexualidade, luto, família são tão bem abordados que até os
personagens secundários são interessantes.
Quando Dadi morreu em dezesseis de maio, bem como a rishika disse, nós choramos de alivio.-Não ficaram bravos?- Por que ficaríamos bravos?- Porquê a mulher não salvou sua avó-- disse Varya-- Ela não a fez melhorar.- A rishika nos deu a chance de dizer adeus.
Terminei
a leitura com a impressão que o fim foi um pouco corrido, algumas situações com
pontas semi soltas, mas ainda assim foi uma experiência de leitura que mexe
bastante com a questão do E, se fosse comigo? E, se eu soubesse a minha data?
Você viveria exatamente como está vivendo agora se soubesse que morreria na
próxima semana?
Oi, Karina,
ResponderExcluirCom camadas bem únicas, a impressão que o livro passa é que a autora soube aproveitar cada linha do mesmo, ao explorar os diversos conflitos relativamente bem, pois é algo que rende muito assunto.
Somado a tudo isso, a incerteza de cada instante presente na trama, ao ampliar a concepção do leitor - mediante todos os fatos destacados - e levando-o a refletir sobre como isso que poderia afetar diretamente sua vida, é algo muito válido.
Eu, particularmente, se soubesse quando irei morrer, no mínimo, iria surtar, entrar em desespero...
Enfim, é um livro que desde o primeiro momento, eu soube que eu tinha que lê-lo, por conter um toque diferenciado dos demais livros. Não sendo assim, muito previsível.
Eu já havia visto a capa desse livro por aí mas não tinha lido nada a respeito dele. Gostei da premissa, acho que apesar de o enredo parecer bastante simples ele tem muito potencial de reflexão para o leitor, inclusive de escolhas e atitudes que ele toma em sua própria vida e que podem afetar de forma total seu futuro. Gostei da forma como a autora construiu os personagens, trazendo-os para o universo do crível, dando a eles medos, inseguranças, defeitos e anseios, como qualquer ser humano normal teria. Além disso, o pano de fundo histórico que a trama carrega é bastante denso e interessante de acompanhar. A capa tá linda e cheia de detalhes, chama muita atenção.
ResponderExcluirÉ um livro bem intenso eu diria. Os personagens são bem diferentes uns dos outros apesar de serem irmãos e o autor parece ter abordado bem as características de cada um. Alem disso, viver sabendo o dia que vai morrer deve ser terrível. Eu não teria essa coragem kkk. Acho que além dos personagens únicos e esse clímax sobre a profecia o autor ainda trouxe varias características de como era se viver naquela época e em diferentes cidades. Gostei e pretendo ler.
ResponderExcluirKarina!
ResponderExcluirInteressante poder acompanhar e torcer pela família Gold, sua saga, suas 'maldições'...
O que mais me interessou foi a parte dos anos 80, afinal, passei minha adolescência durante esse período e gostaria de acompanhar e fazer um 'revival' da época.
Não conhecia o livro.
Desejo uma ótima semana!
“.A vida merece algo além do aumento da sua velocidade.” (Mahatma Gandhi)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA AGOSTO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Olá Karina!
ResponderExcluirTenho lido muito sobre esse livro, ainda bem que muito bem pois estou muito interessada nessa leitura, confesso que por abordar tantos temas foi o que me chamou atenção pra este livro, então espero ler em breve.
Bjs!
Oi Karina, eu não sei se iria querer saber a minha data de morrer mas com certeza essa ideia da plot interessante e a história parece mexer com o leitor, o que é bem positivo ;)
ResponderExcluirNão conhecia o livro e fiquei interessada, gosto de profecias e a historia chamou minha atenção. Deve mexer muito com a mente do leitor essa historia de saber a data da morte eu que não iria querer saber acho que não seria mais a mesma. Achei corajoso as crianças querem saber, acho que se não soubessem suas vidas teriam seguido rumos diferentes desse que estão vivendo.
ResponderExcluirOi Karina.
ResponderExcluirEu não sei se iria querer saber a data da minha morte.
Acho que muitos fariam de tudo para aproveitar o tempo que tem para frente e até tomar algumas decisões impulsivas sem levar em conta as consequências.
Outros não veriam mais o propósito de fazer as coisas, cumprir deveres e etc.
Achei a premissa interessante. Talvez eu leia.
Beijos
Eu havia visto o lançamento e fiquei apaixonada na trama.
ResponderExcluirAchei bem legal essa divisão em 5 partes e cada uma contando sobre um irmão da família Gold.
Gosto bastante quando os livros retratam os anos 80.
A editora está de parabéns pela edição, ficou belíssima!
beijinhos
She is a Bookaholic
Também não ficaria confortável em saber a data da minha morte, mas cada qual com seu cada qual. A princípio o livro parece ser um pouco chato, mas tem um conteúdo bom e interessante. Gostariade ler um dia.
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