Para quem não sabe ou não lembra, do dia 11 a 18 de fevereiro de 1922 aconteceu em SP a Semana de Arte Moderna - uma semana muito especial que chocou a sociedade apresentando como arte o que, na época, era considerado Vandalismo (no mínimo, não era arte).
Em homenagem a essa semana vamos participar da Semana Graffiti de Arte Moderna a ser realizada do dia 09 ao dia 13 de fevereiro de 2015. Vamos falar um pouco da semana de arte moderna, grafite, poesia, e muito mais, acompanhe com a gente.
Sobre a Semana de Arte Moderna
O que foi
Semana de arte ocorrida de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, organizada pelo pintor Di Cavalcanti. Foi a explosão de ideias inovadoras que aboliam por completo a perfeição estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão. Experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo movimento. O comportamento do público era muito estranho, em geral a reação da maioria era de espanto, de frustração, com aquela nova estética importada da vanguarda europeia.
Objetivo: mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa.
Porque chocou a
sociedade?
Todo novo movimento artístico é uma ruptura com os padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas de expressões, sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. Ocorre que nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do Modernismo, que, a princípio, chocou por fugir completamente da estética europeia tradicional que influenciava os artistas brasileiros.
Redescobrir o Brasil foi a grande
meta dos modernistas e, para isto, preocuparam-se em combater as antigas formas
do academicismo-sentimentalismo, que dominavam o meio cultural brasileiro.
Como ganhou
notoriedade?
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um
momento de rompimento com a arte acadêmica e com a neocolonizada prosa
parnasiana então predominante. Tornou o estilo anterior intragável e forçou a
adoção, tanto na poesia como na prosa, de uma linguagem solta, ausente de
formalismos, afastada da pedanteria e da incorrigível vocação academicista. Não
conseguiu, porém, fazer com que o público aderisse com entusiasmo às novas
formas de expressão, aliás, como bem poucas vanguardas o fizeram. Em nosso
século, os artistas foram lançados num limbo de incompreensão raro de encontrar
na história da estética universal.
Para os intelectuais, a Semana serviu
como uma redescoberta do Brasil, mostrando-o fruto de uma cultura mestiça,
vacilando entre o bestialismo e a civilização, em perpétuas dúvidas sobre ser
ou não ser parte da periferia do Ocidente.
Conclusão
Se hoje há artistas contemporâneos, como os diversos citados nos livros, foi porque tanto a Semana de 1922 quanto os movimentos de Vanguarda incentivaram a quebra com a antiga estética e permitiram novos movimentos, como a arte urbana e o grafite.
Embora o Grafite tenha enfrentado resistência - assim como os movimentos citados anteriormente - hoje é reconhecido e aclamado como uma das artes que mais interagem com o público.
Os Sapos
Manuel Bandeira
Enfunando os
papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os
sapos.
A luz os
deslumbra.
Em ronco que
aterra,
Berra o sapo-boi:
- “Meu pai foi à
guerra!”
- “Não foi!” -
“Foi!” - “Não foi!”.
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano
aguado,
Diz: - “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os
hiatos!
Que arte! E nunca
rimo
Os termos
cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem
joio.
Faço rimas com
Consoantes de
apoio.
Vai por
cinquüenta anos
Que lhes dei a
norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas
céticas:
Não há mais
poesia,
Mas há artes
poéticas...”
Urra o sapo-boi:
- “Meu pai foi
rei!”- “Foi!”
- “Não foi!” -
“Foi!” - “Não foi!”.
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é
como
Lavor de
joalheiro.
Ou bem de
estatuário.
Tudo quanto é
belo,
Tudo quanto é
vário,
Canta no
martelo”.
Outros,
sapos-pipas
(Um mal em si
cabe),
Falam pelas
tripas,
- “Sei!” - “Não
sabe!” - “Sabe!”.
Longe dessa
grita,
Lá onde mais
densa
A noite infinita
Veste a sombra
imensa;
Lá, fugido ao
mundo,
Sem glória, sem
fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do
rio...
Adoro projetos deste tipo. sempre tem novidades e obras excepcionais. Muito bom ter esses eventos. Espero que sempre ocorram. Pois tem muitas pessoas talentosas merecendo mostrar suas obras e seus talentos.
ResponderExcluirBeijos.